EM BARRETOS: MOTORISTA É INVESTIGADO POR ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS EM VAN ESCOLAR

A delegada Denise Vichiato Polizelli Paro, que investiga um motorista suspeito de abusar sexualmente de crianças dentro de uma van escolar em Barretos (SP), diz que as vítimas relataram que o homem chegou a tocar partes íntimas do corpo delas e a mostrar conteúdo pornográfico. As meninas têm de 9 a 11 anos e são acompanhadas há uma semana pelo Conselho Tutelar, desde que denunciaram o caso às mães e à escola.

“São toques por cima das roupas, nas áreas íntimas, conversas sexualizadas inapropriadas para a idade. Também teve um relato que ele mostrava pornografia pelo celular. Isso é totalmente inapropriado para quem tem o dever de cuidado dessas crianças no transporte.”

O homem, de 64 anos, é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) por estupro de vulnerável. Ele era responsável pelo transporte escolar de pelo menos 15 estudantes, entre meninos e meninas, da casa deles na zona rural até a escola.

De acordo com a Prefeitura de Barretos, ele foi demitido da função. A identidade é mantida em sigilo pela Polícia Civil. Outro motorista foi escalado para a vaga, porém é monitorado.

DENÚNCIA DE UMA ENCORAJOU OUTRAS

Ao menos cinco meninas dizem ter sido vítimas do motorista durante o caminho feito de casa até a escola e no caminho de volta.

A primeira a denunciar o caso foi a filha da dona de casa Elenice Costa de Oliveira. Ao ver o caso da menina Bárbara Victória, morta aos 10 anos em Ribeirão das Neves (MG), ela perguntou à mãe o que era estupro.

“Ela olhou, olhou e começou a me perguntar o que era estupro, o que acontecia. Eu expliquei para ela. Ela olhou para mim e falou ‘mãe, aconteceu isso e isso hoje na perua. Eu estava dormindo e senti as mãos’. Eu pedi para ela ‘conta para a mamãe certinho, para a mamãe ver o que podemos fazer’. Ela me explicou e disse que era certeza que era a mão dele [do motorista], não a de outra criança”, diz Elenice.

Ao tomar conhecimento do que estava acontecendo na van, Elenice entrou em contato com a diretora da escola e pediu que ela também conversasse com a filha.

“Eu falei para a diretora que eu queria ter certeza, não queria cometer nenhuma injustiça. De manhã, ela me ligou e disse que o caso era bem mais sério do que eu imaginava. A diretora me disse que tinha acontecido não só com ela, mas com outras crianças também”.

Segundo Elenice, a filha relatou que o homem chegou a dar tapas no bumbum e a tocar os seios das meninas, ainda em formação.

Mãe de uma estudante de 9 anos, Glaziele Bueno Siqueira diz que a coragem da primeira criança em denunciar levou outras a falar também.

“Foi graças a uma coleguinha da escola que contou para a mãe e elas começaram a dizer na escola o que estava acontecendo, e a gente foi chamado. Não imaginava nunca. Por mais que a gente veja na TV, eu sempre converso com minha filha, mas ela ficou assustada e não contou”, afirma Glaziele.

PROVIDÊNCIAS ADOTADAS

Ao ser informada sobre a situação, a secretária de Educação de Barretos, Jéssica Maria dos Santos, notificou o Conselho Tutelar e os pais foram chamados e instruídos a registrar o boletim de ocorrência. Jéssica também pediu o afastamento imediato do motorista.

“Esse é um caso atípico. Esse contrato já é de alguns anos, nunca tinha sido evidenciado nada nesse sentido. O que chama atenção foi as crianças terem se sentido acolhidas pela escola em trazer a situação.”

Para o Conselho Tutelar e a Polícia Civil, as versões apresentadas pelas crianças não deixam dúvidas sobre a atitude criminosa do motorista.

“Elas queriam falar e algumas tremiam muito, umas choraram. Ele mostrava vídeos pornográficos. Ele falava para algumas que quando elas crescessem, ela ia casar com elas e elas iam ser obrigadas a ter filhos dele. Uma tinha medo porque ele tinha acesso a todas as porteiras dos sítios, elas tinham medo de contar e ferir as mães”, diz a conselheira Rosângela Carvalho.

O órgão solicitou à Secretaria de Educação a relação dos nomes de todas as crianças que pegavam a van para que elas recebam o apoio necessário.

A delegada responsável pelo caso diz que ainda faltam algumas diligências, mas que o inquérito será enviado em breve ao Ministério Público.

Fonte: G1