IDOSOS DE BARRETOS CAEM EM GOLPE DE FALSOS FISIOTERAPEUTAS DO SUS
Moradores de Barretos têm procurado a Polícia Civil para denunciar um grupo que se passa por fisioterapeuta do Sistema Único de Saúde (SUS) para vender equipamentos e tirar o dinheiro deles. Pelo menos oito idosos foram vítimas dos golpistas desde o início do ano.
A dona de casa Marilena de Almeida Costa perdeu R$ 1,3 mil ao comprar um equipamento para o marido, que é acamado, poder usar em casa. O trio chegou à casa dela alegando que o médico de um posto de saúde tinha solicitado a ida até o imóvel porque o idoso precisava fazer fisioterapia em casa.
“Quando eu abri, ele [golpista] estava com a prancheta na mão, com os dados dele [marido] tudo naquela prancheta. Aí ele falou: ‘aqui que tem um senhor que precisa de fisioterapia em casa’. Eu falei é. Aí ele falou assim: ‘então, nós viemos do postinho, o médico mandou a gente vir aqui’”, lembra Marilena.
Preocupada com a saúde do marido, a dona de casa acabou convencida pelo trio de comprar um equipamento de fisioterapia.
“Aí ele abaixou para mil reais. Ele falou: ‘deu certo’. Aí depois ele tornou a passar o cartão de novo, só que ele não pediu a senha. Ele falou: ‘a senhora bate a senha aqui direitinho’. Aí eu bati a senha, ele falou ‘vamos abaixar mais um pouco’, porque o dinheiro que estava lá era pouquinho. Aí ele abaixou e falou ‘deu certo.’”
Depois da compra, a neta do casal, Letícia Cristina Costa, desconfiou e entrou em contato pelo número de telefone deixado na nota fiscal, mas nunca teve retorno.
“O telefone só chama, cai diretamente em deixe seu recado, não chega WhatsApp. Tinha uma imagem lá da empresa, na hora que eu falei que era eu me bloquearam, entendeu? Então eu não consegui entrar em contato mais com eles e eles também não apareceram mais aqui.”
Já o aposentado Edmo Antônio Pires teve um prejuízo de R$ 1.570 com a compra de um aparelho de fisioterapia por eletroestimulação. Os golpistas também usaram o nome do SUS para convencer o idoso a fazer a compra em 12 parcelas.
A filha dele, Elen Mara Pires, também desconfiou ao tomar conhecimento da compra do pai e pediu o cancelamento por meio de um aplicativo de conversa. A princípio, os supostos vendedores até informaram que fariam o ressarcimento, mas ignoraram a nova tentativa de diálogo cerca de uma semana depois.
“É revoltante, né? Porque uma pessoa trabalhou a vida inteira, de repente chega alguém estranho, vem e leva mil e quinhentos reais assim, porque a gente não dá mil e quinhentos reais na hora, né? Ninguém.”
Aproveitadores
De acordo com a Polícia Civil, estelionatários preferem pessoas idosas porque elas são consideradas mais vulneráveis. O delegado Daniel do Prado Gonçalves afirma que os relatos das vítimas são sempre parecidos.
“Elas se passam por pessoas ligadas a endemias, dengue ou saúde. Vão em três ou quatro pessoas, vendendo algum produto, se identificam como funcionário. Normalmente estão com alguma vestimenta que parece o uniforme da prefeitura, falam que vão medir às vezes a pressão ou vão coletar algum material e entram na casa da pessoa, acabam envolvendo ela com uma conversa”, diz.
O dinheiro levado, faz muita falta para as famílias. No caso de Marilena, o valor da aposentadoria do marido é todo gasto com as despesas médicas dele. “Sem esses R$ 1,3 mil vai atrapalhar muito”, diz.
O delegado alerta os moradores para que desconfiem das abordagens na porta das casas e, se possível, tentem verificar a identidade dessas pessoas. Ele também alerta à população para não informar números de documentos pessoais.
“Se está em dúvida, liga lá na Secretaria de Saúde, liga lá na unidade da onde a pessoa falou que é, confirma se está ocorrendo visitações nas residências. Se tiver alguma dúvida, vá lá verificar, ver se se tratam de funcionários da área da saúde.”
Fonte: G1