TARCÍSIO DE FREITAS, GOVERNADOR ELEITO DE SP, DEFENDE AUMENTO DE 50% NO PRÓPRIO SALÁRIO
O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira, 17, no ato inaugural do governo de transição, que enxerga como “necessário” um reajuste do próprio salário, aumento que será reproduzido para toda a elite do funcionalismo público estadual.
A pouco mais de um mês da posse, o tema é visto como a primeira situação de pressão política que lhe é imposta. Há dois projetos em tramitação na Assembleia Legislativa de São Paulo que versam sobre o assunto. Um deles prevê aumento de 50% nos salários do governador, do vice e dos secretários a partir de janeiro de 2023. Se aprovado, o vencimento do chefe do Executivo subirá de R$ 23 mil para R$ 34,5 mil.
Um aumento no salário do governador, o teto do funcionalismo, provocará efeito dominó em várias carreiras públicas do Estado que têm os salários indexados a essa referência. O pacote pode representar impacto de até R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos, segundo estimativas do atual governo.
Em entrevista coletiva concedida no Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo paulista, Tarcísio não se comprometeu com nenhum índice de reajuste. Repetiu que o assunto deverá ser tratado com os deputados estaduais.
Na semana passada, os parlamentares tentaram aprovar o projeto em duas ocasiões, mas não houve quórum mínimo para que o tema fosse votado em plenário.
É a primeira vez que Tarcísio reconhece a necessidade de aumento do próprio salário, tema com forte potencial de desgaste de imagem junto à população.
“A gente tem de ter muita responsabilidade porque, vamos lá: quando você fala em aumento do salário do governador, você tem de ver que isso é a baliza para o teto do funcionalismo. Então, no final das contas, isso impacta uma série de carreiras e impede que uma série de profissionais tenham aumento real. Eles já estão com uma perda salarial, esse teto está congelado desde 2019. Então existe a necessidade de se recuperar o poder de compra”, justificou.
Depois de dizer que também é preciso “ter espaço [fiscal]” para conceder reajustes para servidores da “base da pirâmide”, repetiu: “Eu entendo que isso [o aumento dos salários da elite do funcionalismo] é necessário”.
A presença de Tarcísio no palácio a pouco mais de um mês da posse marcou o início oficial dos trabalhos de transição da atual para a próxima gestão.
O anúncio da largada nos trabalhos de transição foi feito pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB), que ficou o tempo todo ao lado do governador eleito.
Após uma conversa reservada entre os dois, houve a primeira reunião com os principais membros das equipes designadas de cada lado para tocar a transição.
Os trabalhos começarão na próxima segunda-feira no edifício Cidade I, no centro da capital paulista, e serão coordenados pelo ex-ministro e ex-vice-governador Guilherme Afif Domingos, filiado ao PSD.
Tarcísio agradeceu a Garcia “pelo empenho” na transmissão de informações e pela montagem de uma estrutura de transição. Adversários no primeiro turno, o tucano apoiou o ex-ministro de Jair Bolsonaro na etapa final do pleito, disputado contra o petista Fernando Haddad. Tarcísio afirmou que, em seu governo, “haverá mudança, mas não ruptura”.