GAECO CUMPRE MANDADOS DE BUSCA EM DESDOBRAMENTO DE OPERAÇÃO QUE INVESTIGA CONTRATOS ENTRE EMPRESAS E PREFEITURA DE BARRETOS

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP) cumpre, nesta quinta-feira (15), 11 mandados de busca que têm como alvo contratos entre empresas e a Prefeitura de Barretos (SP) no âmbito da Operação Partilha-Holerites Premiado, deflagrada em 2019 durante a gestão do ex-prefeito Guilherme Ávila (PSDB).

Segundo a promotoria, os mandados da operação desta quinta, chamada de Flagship, foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Barretos e são cumpridos em Ribeirão Preto (SP), Jardinópolis (SP), Olímpia (SP) e Igaraçu do Tietê (SP).

Ainda de acordo com o MP, os mandados são cumpridos por sete promotores de Justiça, nove servidores e 47 policiais militares.

Até a última atualização desta matéria os nomes das empresas envolvidas não haviam sido divulgados pelos promotores.

O esquema das fraudes nos holerites foi revelado em 2019 após denúncia de moradores a vereadores. Na ocasião, 105 servidores municipais, incluindo secretários de alto escalão, foram afastados dos cargos por suspeita de irregularidades.

De acordo com o Ministério Público, o pagamento indevido de salários superfaturados desviou R$ 7,2 milhões dos cofres públicos. Nesta quarta, o MP informou que até o momento foram feitas 21 denúncias contra 122 servidores por organização criminosa e 939 peculatos.

Fraudes em holerites e investigações

Em uma investigação interna, a prefeitura chegou a identificar que os holerites eram emitidos com os valores corretos a serem pagos. No entanto, os depósitos eram maiores. Em alguns casos, por exemplo, servidores recebiam até R$ 11 mil a mais do que era devido.

Antes do término do mandato, o ex-prefeito Guilherme Ávila chegou a ser afastado do cargo em dezembro de 2020 por suspeita de chefiar o esquema, mas ele não foi denunciado. Após acordo de colaboração premiada, dois investigados relevaram ao Ministério Público que o prefeito tinha dado ordens pessoais para pagamentos indevidos.

O dinheiro desviado teria servido até mesmo para quitar um acordo judicial em 2018, celebrado entre Ávila e a companheira dele, que estavam em processo de fim da união estável.

Os colaboradores informaram que o prefeito indicava os servidores que teriam os salários superfaturados.

Ao ser afastado da prefeitura no fim de 2020, Guilherme Ávila disse que ao tomar conhecimento das irregularidades, em janeiro de 2019, denunciou o esquema ao Gaeco.

“Eu fui o autor da denúncia, dei origem a toda essa investigação e entendo que a ação de hoje faz parte da apuração dos fatos, papel do Ministério Público. Apenas não compreendo o motivo do afastamento do cargo, uma vez que colaborei até então com toda a investigação do processo”, disse à época.

A secretária municipal de Administração, Adriana Soprano, e o marido dela, Rafael Soprano Fernandes, chegaram a ser presos.

O esquema também foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Vereadores. O caso também foi levado ao Tribunal Regional Eleitoral, pois havia suspeita de que funcionários beneficiados atuaram em campanhas eleitorais.

fonte : G1