MÃES RECLAMAM DE USO DE DROGAS EM ESCOLA ESTADUAL EM BEBEDOURO, SP, E ALEGAM SUPOSTO DESCASO DA DIREÇÃO

Mães de alunos da Escola Estadual Jardim Souza Lima, em Bebedouro (SP), reclamam de suposta omissão da direção por causa de episódios de consumo de drogas por estudantes nas dependências da instituição.

A escola atende alunos do ensino fundamental. Segundo as mães, que preferem não se identificar, as reclamações têm sido feitas desde o final de 2022, mas os problemas continuam em 2023.

Fotos e vídeos enviados pelas mães a reportagem mostram estudantes fazendo uso de substância que parece ser maconha na quadra da escola. Em uma das imagens, uma aluna aparece com uma arma na cintura dentro da sala de aula.

Uma mulher que tem duas filhas, de 12 e 14 anos, matriculadas diz que os alunos já consumiam drogas nas dependências da escola, mas, ultimamente, o uso está sendo feito dentro das salas de aula.

Segundo ela, a atitude dos colegas atrapalha a aprendizagem das adolescentes e afeta a saúde da turma.

“Esses dias um menino estava fumando maconha na sala e tinha cocaína no apontador. Já tinha droga na escola, mas agora está escancarado. Minha filha já passou mal e precisou sair da sala. Se você reclama, eles juntam turma e te batem. Está difícil”, reclama.

Os pais também relatam episódios de vandalismo. Em março, por duas vezes em menos de uma semana, alunos colocaram fogo no corredor das salas.

MEDO DE VIOLÊNCIA

Episódios de violência e morte como o que aconteceu em março deste ano em uma escola no bairro Vila Sônia, em São Paulo (SP), preocupam os pais.

De acordo com uma das mães de Bebedouro, no início do mês passado, os alunos chegaram a correr risco de vida quando um dos estudantes levou uma arma para a escola e ameaçou atirar em um colega.

“Tinha um aluno armado esperando para brigar com outro aluno lá dentro. Trancaram os outros alunos dentro da escola. Demoraram mais de 30 minutos para sair depois do horário. Você fica preocupada de não mandar pra escola. Se não mandar, o Conselho Tutelar vem”, afirma.

Outra mãe que também relatou o episódio envolvendo o aluno armado diz que os estudantes também levam armas brancas para a escola. Temendo pela segurança do filho que estuda na instituição, ela afirma que já tentou falar com a direção inúmeras vezes, mas não teve sucesso.

“Teve um aluno que levou um canivete. Eles não acham que ali é uma escola, estão achando que é um parque de diversões. Parece que mandamos nossos filhos para aprender a fazer coisas erradas. Já procuramos a diretora, mas quando são pais e que ela sabe que vão cobrar, ela não atende. A escola não tem regras, ela [diretora] está deixando virar uma bagunça”, afirma.

As mães ouvidas pela reportagem cobram uma atitude da escola e da Secretaria Estadual de Educação para providências envolvendo os alunos infratores.

“Eles falam que o problema foi resolvido e identificado, mas nada foi resolvido. Esperamos que alguém tenha uma sensibilidade maior e olhe para a escola, para ver o que está acontecendo. Não tem mais pra onde a gente correr. Estamos esperando resposta desde o ano passado. Está cada vez pior.”

“Os pais ficam preocupados enquanto os filhos não chegam em casa porque a gente não sabe o que vai acontecer”, diz outra mulher, mãe de estudantes de 15 e 16 anos.

O QUE DIZEM AS AUTORIDADES

Em nota, o Ministério Público informou que instaurou um procedimento administrativo para apurar as denúncias feitas pelos pais dos estudantes da Escola Estadual Jardim Souza Lima.

A reportagem, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que existe uma apuração investigativa administrativa aberta para tomar as devidas providências e que os responsáveis pelos alunos infratores têm sido chamados para reuniões de mediação.

“A unidade conta com um professor orientador de convivência, que faz parte dos educadores do Conviva, e apresenta palestras, interações e ações para que os estudantes tenham consciência que comportamentos inadequados também afetam a aprendizagem”, informou.

Segundo a secretaria, os casos são registrados em boletim de ocorrência e na Plataforma do Conviva. A secretaria disse ainda que a Pasta, a Diretoria de Ensino e a gestão escolar estão à disposição da comunidade escolar para esclarecimentos.

Sobre a suposta conduta de omissão da direção alegada pelas mães, a pasta não comentou o assunto.

Fonte: G1